O leitor brasileiro tem em mãos um livro precioso; um dos poucos a cuja leitura ninguém permanece indiferente. Anatomia da Crítica anunciou o caminho próprio que Frye começou a trilhar em meio ao predomínio do New Criticism. Vale dizer, em lugar do close reading, técnica de leitura deliberadamente cingida à interpretação intensa de uma única obra, o crítico canadense sempre se preocupou com o estabelecimento da relação de um texto particular com horizontes mais amplos. Por isso, desde seus primeiros trabalhos, ele se orientou por um modelo muito diverso da "leitura cerrada", valorizando antes a inter-relação de textos numa tradição determinada. Eis, então, seu modo de entender a literatura: ela não consistiria numa miríade de obras individuais, como, por exemplo, diria um Benedetto Croce. Pelo contrário, a experiência literária supõe um vasto conjunto integrado de formas. A tarefa do crítico seria identificá-las, reconhecendo seus padrões e recorrências. Anatomia da Crítica leva esse ambicioso projeto a seu momento definitivo. João Cezar de Castro Rocha
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