Organizada por David Lapoujade, a coletânea Dois regimes de loucos, de Gilles Deleuze, lançada na França em 2003, foi saudada no mundo inteiro como um marco decisivo. Cobrindo os últimos vinte anos da vida do autor, período que viu nascer obras tão cruciais para a filosofia contemporânea como Mil platôs, Cinema 1 e Cinema 2, O que é a filosofia?, A dobra, Crítica e clínica, os textos e intervenções aqui reunidos têm o amplo poder de, por um lado, iluminar esses grandes livros, o contexto de sua escrita e de sua recepção, e, por outro, de soarem inteiramente novos, mesmo aos leitores experimentados em sua obra. A chave para esse efeito inusitado reside no fato de que, como aponta Peter Pál Pelbart, Deleuze opera os conceitos como uma necessidade vital, “um acontecimento sempre por vir”. É isso que faz com que os mais de sessenta ensaios, artigos, cartas, manifestos, depoimentos e entrevistas aqui coligidos configurem um campo sempre aberto para a experimentação do pensamento. Quer tratando de Proust ou da questão palestina, de Francis Bacon, Maio de 68, o cinema, a psicanálise ou os “novos filósofos”, o autor de O anti-Édipo é capaz de extrair de cada matéria um problema e um conceito novos, inseparáveis de uma afetividade, uma percepção, um modo de viver e criar.
show more...Just click on START button on Telegram Bot