Este livro constitui uma valiosa contribuição à relativamente nova corrente da história agrária brasileira que busca recuperar o papel das classes subalternas na construção do Estado nacional e desafiar a visão tecida pela historiografia tradicional em torno dos “fundadores do império” e da insignificância dos movimentos populares nesse processo. Desafia também as explicações centradas na (antiga) história das mentalidades, que tratam como problemas culturais o que na realidade são enfrentamentos práticos e conscientes que denunciam condições de grande injustiça social. O estudo da autora inserta o movimento do Quebra-quilo na longa corrente de rebeliões dos anos da Regência, as quais, na segunda metade do século XIX, convertem-se em manifestações de resistência ao Estado Nacional e de revolta contra medidas que, sem bem atendiam a uma lógica de “modernização” do aparelho administrativo e bélico do Império, ignoravam direitos consuetudinários que estavam no centro da organização social das comunidades de agricultores pobres livres do interior.
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