Este livro, dedicado ao público empenhado em conhecer as andanças do homem nos finais da Idade Média, surge na sequência de estudos desenvolvidos sobre a fronteira e sobre os contactos entre os reinos Peninsulares medievais. As reflexões, nele contidas, referem-se uma realidade há muito esquecida, e procuram revelar atitudes quotidianas da população, disposições políticas de um corpo central e das suas relações com a comunidade, traçar as feições de terras e gentes que distintamente marcam territórios que se aproximam em vontades, em desejos e em comportamentos. Ambicionam conhecer como vive e convive o homem em torno da fronteira, o interesse que este coloca nas vias comerciais que cruzam terras raianas, que mercadorias fomentam as trocas, o que se produz de interesse para o reino vizinho, o que procura o homem quando se desloca ao mercado, como obtém os produtos que mais necessita, como trabalha a matéria-prima disponível para fazer face à oferta e à procura, a que materiais tem acesso o homem comum, e muitas outras vivências de um quotidiano diverso em sentimentos e expressões. Neste universo centrado em torno dos inícios do século XVI detectaram-se os mercados mais populares, as feiras mais frequentadas, as vias mais utilizadas, os nomes de desconhecidos que, um após outro, construíram o que somos hoje e desenharam as cidades e vilas que marcam o nosso espaço e a nossa cultura. Peças fundamentais para o crescimento de um reino que se comporta entre as crises e a abundância. Trilharam-se alguns destinos, sentiram-se alguns desafios de homens e mulheres que tentam sobreviver ou enriquecer. Modos de vida que conhecem como únicos, apesar das grandes dificuldades pessoais e colectivas. Provas de esforço que hoje podemos apreciar.
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