À luz da questão «ver (voir) uma imagem pode ajudar-nos a conhecer (savoir) melhor?», escrutinam-se as horrendas condições de vida e de morte nos campos de concentração e nas câmaras de gás, as peripécias que rodearam a captura e transmissão destas fotografias, e constrói-se uma fenomenologia das mesmas. Apesar das lacunas documentais e do interdito constituído pelo famigerado carácter «inimaginável» da Shoah, a experiência dos campos suscitou a imaginação, o que importa compreender para que se compreenda o valor das imagens - tão necessárias quanto lacunares - na história e na constituição do conhecimento histórico. Contra a imagem-toda, mostra-se como apesar de tudo a imagem pode tocar o real, rompendo a barreira fetichista. Discute-se a «legibilidade» das imagens documentais, a partir de Freud e de Benjamin. Salienta-se o conhecimento proporcionado pela montagem, com Shoah de Lanzmann e História(s) do Cinema de Godard sobre a mesa. Distingue-se a semelhança da (falsa) aparência e da assimilação (identitária). Reevoca-se a «redenção pela imagem», de Benjamin e de Kracauer. Interroga-se a imbricação entre imaginação e ética, a partir de Arendt. Pensa-se a cultura e o seu mal?estar à luz da imagem na época da imaginação dilacerada. GEORGES DIDI-HUBERMAN (n. 1953), filósofo e historiador, lecciona «antropologia do visual» na École des Hautes Études en Sciences Sociales, Paris.
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